O Brasil é um país de peculiaridades e bastante diverso em sua gente e sua cultura. A sua peculiaridade principal reside no fato de ter sido formado originalmente por três raças bastantes distintas: o branco europeu, o negro africano e o índio, que neste lugar já habitava como nativos da região. Elementos da cultura destes três povos se imiscuíram em um só lugar, de extensão continental, como é esse imenso país, formando uma variada cultura dos mais diversos aspectos. Assim, seja na linguagem, um português, mas repleto de termos de origem indígena e africana; seja na culinária, em que iguarias indígenas e também africanas foram associadas à cozinha dos colonizadores; na produção artística, como por exemplo, na música, onde instrumentos indígenas e africanos e europeus são usados nestas criações; e até mesmo na religiosidade, onde elementos de religião afro estão miscigenados com o cristianismo, trazido pelos portugueses, e temos até uma religião própria do país, constituída por elementos destas três raças, como a Umbanda, que além dos elementos da religião dos colonizadores estão associados elementos da religiosidade afro e também da indígena. Outro fator da peculiaridade do Brasil vem da miscigenação destes três povos, o que faz a ocorrência dos tipos mais diversos na pele, no cabelo, nos traços físicos em geral ; temos desde a pele mais clara à mais escura, do cabelo mais crespo ao mais liso entre a sua população: mulatos, sararás, mamelucos, etc. são as variadas denominações dos frutos dessa miscigenação. Podemos citar ainda como peculiaridade deste curioso país a língua portuguesa, sendo o único país de língua portuguesa das Américas, desde que, diferentemente dos seus vizinhos, que foram colonizados pelos espanhóis, o Brasil foi uma colônia de Portugal. Desta forma é que o Brasil se faz um país peculiar e curioso aos olhos do mundo, pelo seu diferencial de pluralidade, mas que também tem inteligências internacionalmente reconhecidas e admiradas, ainda que não tenhamos até então um Oscar ou um Nobel.
Mas o Brasil além de ser conhecido no mundo como um país exótico, peculiar, de talentos e inteligências admiráveis é também um país que enternece e causa espanto por aspectos uns e outros que se ressaltam aqui e ali devido a grandiosos problemas com que convive. Um dos mais grandiosos problemas é o grande contingente de pobres, de miseráveis, de favelas, de moradores de rua, de bandidos, inclusive entre eles os políticos corruptos, que só fazem com suas atitudes corruptas piorar a situação desse povo necessitado, quando embolsam o dinheiro que poderia minorar seu sofrimento. Por outro lado, também há alguns milionários e muitos que vivem de forma mais abastada em prédios, mansões e condomínios cinematográficos de primeiro mundo. O grande problema do Brasil é a gritante desigualdade social ; a sua distribuição de renda desigual, o que está na gênese dos seus mais graves problemas, como a violência desenfreada, por exemplo.
Estamos vivendo no entanto um tempo de esperança quando vemos políticos corruptos atrás das grades e políticas voltadas para minorar o sofrimento dos despossuídos e até de encaminhamento destes para uma vida mais digna, e até de conquistas. Torcemos para que estejamos a construir assim um novo Brasil, sem os tantos problemas com que convive a maior parte da sua população e que tantos outros problemas causam direta ou indiretamente aos seus cidadãos, mesmo os das classes mais privilegiadas.
Em “Cantos do Brasil” , através de expressões artísticas musicais do seu próprio povo vamos evidenciar o Brasil num propósito cultural, educacional, reflexivo, apontando aqui e ali sua natureza e problemática. O objetivo aqui é expor o Brasil para o próprio brasileiro ver e se ver nele, se conscientizando dos aspectos que envolvem sua problemática e, quem sabe até, com essa conscientização, poder compreender-se melhor e agir de modo a ajudar esse imenso país a encontrar o seu rumo de crescimento com justiça social e paz. Propomos aqui que o brasileiro veja e compreenda o seu próprio país.
E Viva o Brasil ! E Viva os brasileiros ! E que por nós , o Brasil possa contribuir com um mundo melhor.
As selvas te deram nas noites teus ritmos bárbaros E os negros trouxeram de longe reservas de pranto Os brancos falaram de amor em suas canções E dessa mistura de vozes nasceu o teu canto
Brasil, Minha voz enternecida Já adorou os teus brasões Na expressão mais comovida Das mais ardentes canções Também na beleza desse céu Onde o azul é mais azul Na aquarela do Brasil Eu cantei de norte a sul Mas agora o teu cantar Meu Brasil quero escutar Nas preces da sertaneja Nas ondas do rio-mar Oh,esse rio turbilhão Entre selvas de rojão Continente a caminhar
No céu,no mar,na terra Canta Brasil. No céu,no mar,na terra Canta Brasil.
Brasil! Meu Brasil Brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos Brasil, samba que dá Bamboleio, que faz gingar O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Canta de novo o trovador A merencória à luz da lua Toda canção do seu amor Quero ver essa dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado...
Esse coqueiro que dá coco Oi! Onde amarro minha rede Nas noites claras de luar Por essas fontes murmurantes Onde eu mato a minha sede Onde a lua vem brincar Esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil Brasileiro Terra de samba e pandeiro...
Brasil! Terra boa e gostosa Da morena sestrosa De olhar indiferente Brasil, samba que dá Para o mundo se admirar O Brasil, do meu amor Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Canta de novo o trovador A merencória à luz da lua Toda canção do seu amor Huuum! Essa dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado...
Esse coqueiro que dá coco Onde amarro minha rede Nas noites claras de luar Por essas fontes murmurantes Onde eu mato a minha sede Onde a lua vem brincar Huuum! Esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil Brasileiro Terra de samba e pandeiro...
Brasil! Meu Brasil Brasileiro Mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos Brasil, samba que dá Bamboleio, que faz gingar O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado Bota o rei congo no congado Canta de novo o trovador A merencória à luz da lua Toda canção do seu amor Quero ver essa dona caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado...
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Chamada Tereza
Sambaby Sambaby
Sou um menino de mentalidade mediana (Pois é) mas assim mesmo sou feliz da vida Pois eu não devo nada a ninguém (Pois é) pois eu sou feliz Muito feliz comigo mesmo
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Chamada Tereza
Sambaby Sambaby
Eu posso não ser um band leader (Pois é) mas assim mesmo lá em casa Todos meus amigos, meus camaradinhas me respeitam (Pois é) essa é a razão da simpatia Do poder, do algo mais e da alegria
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Chamada Tereza
Mó num pa tropí Abençoá por Dê E boní por naturê (mas que belê) Em feverê (em feverê) Tem carná (tem carná)
Eu tenho um fu e um viô
Sou Flamê Tê uma nê Chamá Terê Sou Flamê Tê uma nê Chamá Terê
Do meu Brasil
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Chamada Tereza
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão Sou Flamengo Tenho uma nêga Chamada Tereza
Moro num país tropical, abençoado por Deus E bonito por natureza (mas que beleza) Em fevereiro (em fevereiro) Tem carnaval (tem carnaval)
Brazil Com S Rita Lee Quando Cabral descobriu no Brasil o caminho das índias Falou ao Pero Vaz para a caminha escrever para o rei "Que terra linda assim não há Com ticos-ticos no fubá Quem te conhece não esquece Meu Brazil é com S"
O caçador de esmeraldas achou uma mina de ouro Carumurú deu chabú e casou com a filha do Pajé Terra de encanto amor e sol Não fala inglês nem espanhol Quem te conhece não esquece Meu Brazil é com S
E pra que gosta de boa comida aqui é prato cheio Até Dom Pedro abusou do tempero e não se segurou Oh" natureza generosa Está com tudo e não está prosa Quem te conhece não esquece Meu Brazil é com S
Na minha terra onde tudo na vida se dá um jeitinho Ainda hoje invasores namoram a tua beleza Que confusão veja você No mapa-múndi está com Z Quem te conhece não esquece Meu Brazil é com S
Aquarela Brasileira Martinho da Vila Vejam essa maravilha de cenário: É um episódio relicário, Que o artista, num sonho genial Escolheu para este carnaval. E o asfalto como passarela Será a tela do Brasil em forma de aquarela. Passeando pelas cercanias do Amazonas Conheci vastos seringais. No Pará, a ilha de Marajó E a velha cabana do Timbó. Caminhando ainda um pouco mais Deparei com lindos coqueirais. Estava no Ceará, terra de irapuã, De Iracema e Tupã Fiquei radiante de alegria Quando cheguei na Bahia... Bahia de Castro Alves, do acarajé, Das noites de magia do Candomblé. Depois de atravessar as matas do Ipu Assisti em Pernambuco A festa do frevo e do maracatu. Brasília tem o seu destaque Na arte, na beleza, arquitetura. Feitiço de garoa pela serra! São Paulo engrandece a nossa terra! Do leste, por todo o Centro-Oeste, Tudo é belo e tem lindo matiz. No Rio dos sambas e batucadas, Dos malandros e mulatas De requebros febris. Brasil, essas nossas verdes matas, Cachoeiras e cascatas de colorido sutil E este lindo céu azul de anil Emoldura em aquarela o meu Brasil.
Quando amanhece
O céu resplandece
Os raios do sol a brilhar
Os passarinhos começam a cantar
Anunciando a manhã brasileira
Gorjeando sobre a mais alta palmeira
Todos cantam com alegria
Como é tão lindo ver o romper do dia
De manhã, quando desperto
Aprecio a alvorada
Como é linda a madrugada
Deus fez de mim um poeta
Escrevi em linhas retas
Essas rimas todas certas
Vai passar nessa avenida um samba popular Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais Que aqui sangraram pelos nossos pés Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história Passagem desbotada na memória Das nossas novas gerações Dormia a nossa pátria mãe tão distraída Sem perceber que era subtraída Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente Levavam pedras feito penitentes Erguendo estranhas catedrais E um dia, afinal tinham direito a uma alegria fugaz Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval O carnaval, o carnaval (Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos O bloco dos napoleões retintos E os pigmeus do bulevar Meu Deus, vem olhar Vem ver de perto uma cidade a cantar A evolução da liberdade Até o dia clarear
Ai, que vida boa, olerê Ai, que vida boa, olará O estandarte do sanatório geral vai passar Ai, que vida boa, olerê, ai, que vida boa, olará O estandarte do sanatório geral vai passar
Filho da Mãe Raimundo Sodré Bahia começa com b Brasil começa também Bahia é a mãe do Brasil Sem querer ofender a ninguém Baiano é filho da mãe E o Brasil é um grande neném Só tem tamanho, ó sinhô Só tem tamanho, ó sinhá Foi na Bahia que Cabral desceu Com a gente do seu navio Foi na Bahia que aconteceu A primeira Brasília que se viu Foi na Bahia que tudo se deu Não foi em São Paulo e nem foi no Rio É que Cabral descobriu a Bahia Meu depois é que veio o Brasil Se você inda duvida meu chapa Ou se é que ainda não viu Pois então olhe ali no mapa Olhe a Bahia olhe o Brasil Repare bem o formato Compare bem o perfil E agora me diga de fato Se os dois não são um retrato De uma mamãe e seu "fio" só tem tamanho.
Este é o samba do crioulo doido. A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento, E só fez samba sobre a história do brasil. E tome de incofidência, abolição, proclamação, chica da silva, e o coitado Do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola. Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura. Aí o crioulo endoidou de vez, e saiu este samba:
Foi em diamantina onde nasceu j.k. E a princesa leopoldina lá resolveu se casar Mas chica da silva tinha outros pretendentes E obrigou a princesa a se casar com tiradentes Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar
Joaquim josé, que também é da silva xavier Queria ser dono do mundo E se elegeu pedro segundo Das estradas de minas, seguiu p'rá são paulo E falou com anchieta O vigário dos índios Aliou-se a dom pedro E acabou com a falceta Da união deles dois ficou resolvida a questão E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história Que é dos dois a maior glória A leopoldina virou trem E dom pedro é uma estação também Oô, oô, oô, o trem té atrasado ou já passou
Exaltação a Tiradentes Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau Silva.
Joaquim José da Silva Xavier Morreu a vinte e um de abril Pela independência do Brasil Foi traído e não traiu jamais A Inconfidência de Minas Gerais Foi traído e não traiu jamais A Inconfidência de Minas Gerais
Joaquim José da Silva Xavier Era o nome de Tiradentes Foi sacrificado pela nossa liberdade Este grande herói Para sempre há e ser lembrado
Nos barracos da cidade Ninguém mais tem ilusão No poder da autoridade De tomar a decisão E o poder da autoridade Se pode não faz questão Mas se faz questão nao consegue enfrentar o tubarão
gente estúpida! Gente hipócrita!
Nos barracos da cidade Ninguém mais tem ilusão No poder da autoridade De tomar a decisão E o poder da autoridade Se pode não faz questão Só fode a população O governador promete mas não toma decisão Os lucros são muito poucos ninguém quer abrir mão Uma parte pequena já seria a solução Mas no barraco tá faltando feijão
E o governador promete Só promete na eleição Mas o sistema diz não Os lucros são muito grandes e ninguém quer abrir mão E mesmo uma pequena parte já seria a solução Mas a usura dessa gente já virou um aleijão
Isso aqui tá um jogo de caipira Quem tem bota banca, parceiro Quem não tem se vira Quem não tem se vira Mas quem não tem se vira
Cisco em olho de cego é remela Ele ou ela sem dente é banguela Mas nem tudo de coco é cocada Nem focinho de porco é tomada Se a velhice um dia foi criança E a saudade ia além de Barra Mansa Não adianta choro, parceiro Que nesse jogo só ganha o banqueiro
Isso aqui tá um jogo de caipira...
Bode tem chifre mas não é touro Mulato é sarará, não é louro Morro é morro, favela é favela Tranca é tranca, tramela é tramela Toda vida é o começo da morte Todo azar é o inverso da sorte Não adianta choro, parceiro Que nesse jogo só ganha o banqueiro
Isso aqui tá um jogo de caipira...
Nem todo pau que boia é jangada Quem põe pobre pra frente é topada Violino de pobre é rabeca Calça curta de velho é cueca O que engorda leitão é farelo Quem dá soco no prego é martelo Não adianta choro, parceiro Que nesse jogo só ganha o banqueiro
Tinha eu 14 anos de idade Quando meu pai me chamou (quando meu pai me chamou) Perguntou se eu não queria Estudar filosofia Medicina ou engenharia Tinha eu que ser doutor
Mas a minha aspiração Era ter um violão Para me tornar sambista Ele então me aconselhou Sambista não tem valor Nesta terra de doutor E seu doutor O meu pai tinha razão
Vejo um samba ser vendido E o sambista esquecido, O seu verdadeiro autor Eu estou necessitado Mas meu samba encabulado Eu não vendo não senhor
Se vocês estão a fim de prender o ladrão Podem voltar pelo mesmo caminho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho
Só porque moro no morro A minha miséria a vocês despertou A verdade é que vivo com fome Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador Se há um assalto à banco Como não podem prender o poderoso chefão Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão
Se vocês estão a fim de prender o ladrão Podem voltar pelo mesmo caminho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho
Falar a verdade é crime Porém eu assumo o que vou dizer Como posso ser ladrão Se eu não tenho nem o que comer Não tenho curso superior Nem o meu nome eu sei assinar Onde foi se viu um pobre favelado Com passaporte pra poder roubar
Se vocês estão a fim de prender o ladrão Podem voltar pelo mesmo caminho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho
No morro ninguém tem mansão Nem casa de campo pra veranear Nem iate pra passeios marítimos E nem avião particular Somos vítimas de uma sociedade Famigerada e cheia de malícias No morro ninguém tem milhões de dólares Depositados nos bancos da Suíça
Se vocês estão a fim de prender o ladrão Podem voltar pelo mesmo caminho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho O ladrão está escondido lá embaixo Atrás da gravata e do colarinho
- Vossa Excelência, agora explique, mas não complique! - Vossa Excelência, eu já expliquei! Eu não vi essa lista. Eu afirmo com a mais absoluta certeza e sinceridade Que eu nunca vi essa lista! Não sei dessa lista, não quero saber e tenho raiva de quem sabe! Quem disser que eu vi essa lista é um mentiroso, E vai ter que provar! E se provar, vai se ver comigo!"
Pega ladrão! No Governo! Pega ladrão! No Congresso! Pega ladrão! No Senado! Pega lá na Câmara dos Deputados! Pega ladrão! No Palanque! Pega ladrão! No Tribunal! É por causa desses caras Que tem gente com fome Que tem gente matando Etc e tal...
Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! A miséria só existe porque tem corrupção! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! Tira do Poder, Bota na prisão!
E você que é um simples mortal Levando uma vidinha legal Alguém já te pediu 1 real? Alguém já te assaltou no sinal? Você acha que as coisas vão mal? Ou você tá satisfeito? Você acha que isso é tudo normal? Você acha que o país não tem jeito? Aqui não tem terremoto Aqui não tem vulcão Aqui tem tempo bom Aqui tem muito chão Aqui tem gente boa Aqui tem gente honesta Mas no poder é que tem gente que não presta
"Eu fui eleito e represento o povo brasileiro. Confie em mim que eu tomo conta do dinheiro."
Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! A miséria só existe porque tem corrupção! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! Tira do Poder, Bota na prisão!
Tira esse malandro do poder executivo! Tira esse malandro do poder judiciário! Tira esse malandro do poder legislativo! Tira do poder que eu já cansei de ser otário! Tira esse malandro do poder municipal! Tira esse malandro do governo estadual! Tira esse malandro do governo federal! Tira a grana deles e aumenta o meu salário!
"- Tá vendo essa mansão sensacional? Comprei com o dinheiro desviado do hospital. - Ah! E o meu cofre cheio de dólar? É o dinheiro que seria pra fazer mais uma escola. - Precisa ver minha fazenda! Comprei só com o dinheiro da merenda! - E o meu filhão? Um milhão só de mesada! E tudo com o dinheiro das crianças abandonadas. - E a minha esposa não me leva à falência Porque eu tapo esse buraco com o rombo da Previdência. - Vossa excelência, cê não viu meu avião? Comprei com uma verba que era pra construir prisão! - E a superlotação? - Problema do povão! Não temos imunidade? Pra nós não pega não."
Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! A miséria só existe porque tem corrupção! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! Tira do Poder, Bota na prisão!
A miséria só existe porque tem corrupção Desemprego só aumenta porque tem corrupção Violência só explode porque tem tanta miséria e desemprego Porque tem tanta corrupção!
"Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não admito O enriquecimento do pobre e o empobrecimento do rico."
E você, que nasceu nesse país E que sonha e que sua pra ser feliz Você presta atenção no que o candidato diz? Ou cê vota em qualquer um, seu babaca? E depois da eleição você cobra resultado? Ou fica ai parado de braço cruzado? Cê lembra em quem votou pra deputado? E quem você botou lá no Senado?
Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! A miséria só existe porque tem corrupção! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega! Pega, pega ladrão! Pega, pega Pega, pega ladrão! Tira do Poder, Bota na prisão!
"- Como vocês suspeitavam, eu realmente vi essa lista. Eu vi, mas não li. E digo mais, eu engoli. Pra que ninguém lesse também. E foi com a melhor das intenções. Burlei a Lei, mas com toda honestidade! - Vossa Excelência engoliu a lista? - Bem, eu a coloquei para dentro do meu organismo, Num lugar seguro e escuro. De modo que pra todos os efeitos, Sendo assim desta maneira, eu me reservo ao direito De não dizer nada mais. Tá tudo publicado nos anais. - Mas ontem o senhor falou que não viu a lista. Hoje o senhor fala que viu a lista. E amanhã o senhor... - Ah! Amanhã ninguém lembra mais! E o caso da lista vai entrar prá lista dos casos, Os casos que ficaram pra trás..."
Quem foi que disse que amar é sofrer? Quem foi que disse que Deus é brasileiro? Que existe ordem e progresso Enquanto a zona corre solta no congresso? Quem foi que disse que a justiça tarda mas não falha? Que se eu não for um bom menino, Deus vai castigar?
Os dias passam lentos Aos meses seguem os aumentos Cada dia eu levo um tiro Que sai pela culatra Eu não sou ministro, eu não sou magnata
Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes
Quem foi que disse que os homens nascem iguais? Quem foi que disse que dinheiro não traz felicidade? Se tudo aqui acaba em samba No país da corda bamba, querem me derrubar! Quem foi que disse que os homens não podem chorar? Quem foi que disse que a vida começa aos quarenta? A minha acabou faz tempo, agora entendo porque
Cada dia eu levo um tiro Que sai pela culatra Eu não sou ministro, eu não sou magnata
Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes
Os dias passam lentos Os dias passam lentos
Cada dia eu levo um tiro Cada dia eu levo um tiro Eu não sou ministro, eu não sou magnata
Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém Aqui embaixo as leis são diferentes
Perplexo Os Paralamas do Sucesso Tentei te entender Você não soube explicar Fiz questão de ir lá ver Não consegui enxergar
Desempregado, despejado, sem ter onde cair morto Endividado sem ter mais com que pagar Nesse país, nesse país, nesse país Que alguém te disse que era nosso Ah, ah, ah, ah...
Mandaram avisar Que agora tudo mudou Eu quis acreditar Outra mudança chegou
Fim da censura, do dinheiro, muda nome, corta zero Entra na fila de outra fila pra pagar Quero entender, quero entender, quero entender Tudo o que eu posso e o que não posso
Não penso mais no futuro É tudo imprevisível Posso morrer de vergonha Mas eu ainda estou vivo
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado de aleluia Eu vou lutar, eu vou lutar Eu sou Maguila, não sou Tyson.
****************************************************** O País do Futuro Camisa de Vênus
Aqui não tem problema, só se você quiser Este é o país do futuro, tenha esperança e fé Todo dia lhe oferecem, sempre o melhor negócio Vão levar a sua grana, vão lhe chamar de sócio Vai ficar tudo bem, acredite em mim, meu filho A gente aumenta o seu salário, dispara o gatilho Aí, pra que você não reclame, e também pra que não esqueça Dispararam o tal do gatilho, em cima da sua cabeça Nós vamos outra vez, pro fundo do buraco Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco E vamos outra vez, pro fundo do buraco Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco No peito um crachá, na boca um sanduiche misto Muito pouco aqui no bolso, mas muita fé em Jesus Cristo Quem sabe ele se zanga, desce lá do Corcovado Passa o cajado nessa corja, Deus também fica retado Mas enquanto ele não vem, não vou ficar parado Segure a onda meu irmão, que eu já tô injuriado Se você não me respeita, vou radicalizar Meto a mão em seu focinho, eu tô cansado de apanhar Nós vamos outra vez, pro fundo do buraco Você não tem vergonha, e eu já não tenho saco Estamos outra vez no fundo do buraco Você não tem vergonha e eu já não tenho saco... " E Molengueira, os "bandido" tão atirando pra tudo que é lado meu irmão... sai de baixo... Mas minha conta na Suíça tá uma beleza... tá engordando.... há, há"
Candidato Caô Caô Bezerra da Silva Ele subiu o morro sem gravata Dizendo que gostava da raça Foi lá na tendinha Bebeu cachaça E até bagulho fumou Jantou no meu barracão E lá usou Lata de goiabada como prato Eu logo percebi É mais um candidato Para a próxima eleição Fez questão de beber água da chuva Foi lá no terreiro pediu ajuda E bateu cabeça no congá Mais ele não se deu bem Porque o guia que estava incorporado Disse esse político é safado Cuidado na hora de votar Também disse Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater Meu irmão se liga No que eu vou lhe dizer Hoje ele pede seu voto Amanhã manda os homem lhe prender Hoje ele pede o seu voto Amanhã manda a polícia lhe bater
Eu moro numa comunidade carente Lá ninguem liga prá gente Nós vivemos muito mal Mas esse ano nós estamos reunidos Se algum candidato atrevido For fazer promesas vai levar um pau
Vai levar um pau prá deixar de caô E ser mais solidário Nós somos carentes, não somos otários Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição
Nós já preparamos vara de marmelo e arame farpado cipó-camarão para dar no safado que for pedir voto na jurisdição É que a galera já não tem mais saco prá aturar pilantra Estamos com eles até a garganta aguarde pra ver a nossa reação
Estudo Errado Gabriel O Pensador – Atenção pra chamada! Aderbal? - Presente! - Aninha? - Eu! - Breno? - Aqui! - Carol? - Presente! - Douglas? - Alô! - Fernandinha? - Tô aqui. - Geraldo? - Eu! - Itamarzinho? - Faltou. - Juquinha? Eu tô aqui pra quê? Será que é pra aprender? Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer? Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever A professora já tá de marcação porque sempre me pega Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!" Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde Ou quem sabe aumentar minha mesada Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?) Não. De mulher pelada A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!) A rua é perigosa então eu vejo televisão (Tá lá mais um corpo estendido no chão) Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação - Ué não te ensinaram? - Não. A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil Em vão, pouco interessantes, eu fico pu.. Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio (Vai pro colégio!!) Então eu fui relendo tudo até a prova começar Voltei louco pra contar: Manhê! Tirei um dez na prova Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me reprova Decorei toda lição Não errei nenhuma questão Não aprendi nada de bom Mas tirei dez (boa filhão!) Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Decoreba: esse é o método de ensino Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos Desse jeito até história fica chato Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já sou gente E sei que o estudo é uma coisa boa O problema é que sem motivação a gente enjoa O sistema bota um monte de abobrinha no programa Mas pra aprender a ser um ingonorante (...) Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir) Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste - O que é corrupção? Pra que serve um deputado? Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso! Ou que a minhoca é hermafrodita Ou sobre a tênia solitária. Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...) Vamos fugir dessa jaula! "Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?) Não. A aula Matei a aula porque num dava Eu não aguentava mais E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam (Esse num é o valor que um aluno merecia!) Íííh... Sujô (Hein?) O inspetor! (Acabou a farra, já pra sala do coordenador!) Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar E me disseram que a escola era meu segundo lar E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre! Então eu vou passar de ano Não tenho outra saída Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida Discutindo e ensinando os problemas atuais E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais Com matérias das quais eles não lembram mais nada E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada Manhê! Tirei um dez na prova Me dei bem, tirei um cem e eu quero ver quem me reprova Decorei toda lição Não errei nenhuma questão Não aprendi nada de bom Mas tirei dez (boa filhão!) Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi Encarem as crianças com mais seriedade Pois na escola é onde formamos nossa personalidade Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração, e a indiferença são sócios Quem devia lucrar só é prejudicado Assim vocês vão criar uma geração de revoltados Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio Juquinha você tá falando demais assim eu vou ter que lhe deixar sem recreio! Mas é só a verdade professora! Eu sei, mas colabora se não eu perco o meu emprego
****************************************************** 175 Nada Especial Gabriel O Pensador Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no rio Um ônibus tranquilo Estava vazio E a cidade engarrafada como não podia deixar de ser Viagem demorada O que fazer? Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto Resolvi escrever um rap a mais, Mas não estou bem certo sobre o que eu vou rimar - Diz aí trocador - (Ah sei lá) Então eu vou no instinto pego um papel e vamos vê o quê que dá Foi nesse instante em que eu olhei pela janela E que susto eu levei Era ela A inflação estampada na vitrine Atingiu meu coração E deu vontade de partir pro crime Porque o que eu quero comprar já não dá mais A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás (Quem?) Então eu tento esquecer Continuar a rimar Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar Mas é real E a realidade dói demais São dois mendigosse matando pelos restos mortais De um cachorro qualquer que foi atropelado E vai virar rango e se der Talvez seja assado (Hmmesses nojentos gostam disso?) - Não arrombado Aquilo é um ser humano que chamaram de descamisado - Um desesperado Um brasileiro como eu Que deve sempre perguntar (Será que existe mesmo Deus?) Não é o pensador que vai tentar responder Eu continuo rimando tentando esquecer Porque esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central E de repente o ônibus começou a encher Entrou mais gente Houve um tumulto Alguém gritou e eu olhei pra ver (Quê que é isso? Quê que tá pegando? Quê que tá havendo?) (É um assalto malandro! Será que você ainda não tá percebendo?) O desespero do trabalhador começou E eu também tentava esconder meu dinheiro quando alguém falou(Libera esse aí que é o Pensador mané!) Mas eles eram meus fãs Então levaram meu boné (Autografado né Pensador se liga!) Alguns acharam que eu era cúmplice Quase deu briga Mas a viagem prosseguiu e os ladrões desceram E aí a raiva que subiu na cabeça dos passageiros E o mais injuriado era um bigodudo Que tinha ganhado o salário (Eles levaram tudo) Entraram dois PMs pelaporta da frente Estufando o peito e olhando pra gente Impondo respeito Mas os ladrões já tavam longe Num tinha mais jeito Pra priorar levaram o bigodudo como suspeito - Ele era preto - Coisas desse tipo é difícil esquecer Mas eu vou continuar porque eu já disse a você que Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central Agora estamos passando pela praia de Copacabana Travestis e prostitutas se acabando por grana E os gringos vão achando aquilo tudo bacana (O Brasil é um paraíso! As mulheres são boas de cama) Ô gringo não força Deixa de ser imbecil Você que vem lá de fora quer entender do Brasil (Ha ..."O Brasil é um paraíso! - É mole?- E o inferno é onde?!) -(Peraí Pensador) E por falar em paraíso Olha que loucura Subiu no coletivo uma estranhíssima figura Com uma bíblia na mão e uma cara de débil mental Pregando a enganação da Igreja Universal (Ou será que era alguma outra igreja dessas?Ah num faz mal Igreja de enganar otário é tudo igual) E o coitado foi soltando aquele papo de crente Eu rezando: Deus me dê paciência! Mas o pentelho desceu pra alegria da gente E na saída do ônibus sofreu um acidente Se distraiu e foi atropelado pelo caminhão Morreu esmagado com a bíblia na mão (É morreu? Melhor doque viver nessa ilusão Num queria Deus? Foi pro céu Então) - (Numsei não) Enquanto todos se benziam com pena do crente Eu fui rimando Bola pra frente Porque esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central E eu percebi que o trocador ficou fazendo careta Prum coroa que passou por debaixo da roleta Era um senhor de óculos,barba branca ... Ei Peraí (Ei professor O quê que o senhor táfazendo aqui? Quê que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?) -(Não ... É ... sabe oquê que é ... Eu já gastei o salário inteiro) Hm Hm mudei de assunto ele já tava encabulado No meio do mês o salário dele já tinha acabado Era o meu ex-professor da escola(Coitado) Tá fudido e mal pago Daqui a pouco tá pedindo esmola Ele é um mestre Um baú de sabedoria Esse num é o valor que um professor merecia Profissional de primeira importância pro nosso futuro Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro E ele desceu em outra escola pra dar mais aula (É que eu trabalho nos três turnos Chego em casa e ainda corrijo prova) - Tchau professor - (Tchau Pensador) Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror Mas esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu pegueina central E nós agora estamos passando pelo bairro de São Conrado E como o tempo tá fechando eu tô ficando preocupado Ih! Choveu! Pronto tudo alagado Uns vão nadando Outros morrendo afogados E enquanto na favela tem barraco caindo Não é que passa o Prefeito sorrindo E se o nosso ex-presidente estivesse aqui Ele estaria certamente num belíssimo jet-ski Mas como nós não temos embarcação pra todo mundo Essa triste situação tá parecendo o Fim do mundo Pra quem tá de carro Pra quem tá de ônibus Nessa Rio-Babilônia No Brasil do abandono E enquanto os governantes vão boiando sorridentes Vamos remando Bola pra frente Porque esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central E o pior de tudo é que nessa grande viagem Nada disso do que aconteceu foi novidade E as autoridades estão defecando Pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano Porque pra eles isso não é nada especial No dos outros é refresco Num faz mal E fecham os olhos pro que até cego já viu: O revoltante retrato da vida urbana no Brasil! E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local
Porque esse rap não é sobre nada especial...
****************************************************** Sem Saúde Gabriel O Pensador
Pelo amor de Deus alguém me ajude! Eu já paguei o meu plano de saúde mas agora ninguém quer me aceitar E eu tô com dô, dotô, num sei no que vai dá! Emergência! Eu tô passando mal Vô morrer aqui na porta do hospital Era mais fácil eu ter ido direto pro Instituto Médico Legal Porque isso aqui tá deprimente, doutor Essa fila tá um caso sério Já tem doente desistindo de ser atendido e pedindo carona pro cemitério E aí, doutor? Vê se dá um jeito! Se é pra nós morrê nós qué morrê direito Me arranja aí um leito que eu num peço mas nada Mas eu num sou cachoro pra morrer na calçada Eu tô cansado de bancar o otário Eu exijo pelo menos um veterinário Me cansei de lero lero Dá licença mas eu vou sair do sério Quero mais saúde Me cansei de escutar... "Doutor, por favor, olha o meu neném! Olha doutor, ele num tá passando bem! Fala, doutor! O que é que ele tem!?" - A consulta custa cem. "Ai, meu Deus, eu tô sem dinheiro" - Eu também! Eu estudei a vida inteira pra ser doutor Mas ganho menos que um camelô Na minha mesa é só arroz e feijão Só vejo carne na mesa de operação Então eu fico 24 horas de plantão pra aumentar o ganha pão Uma vez, depois de um mês sem dormir, fui fazer uma cirurgia E só depois que eu enfiei o bisturi eu percebi que eu esqueci da anestesia O paciente tinha pedra nos rins E agora tá em coma profundo A família botou a culpa em mim E eu fiquei com aquela cara de bunda Mas esse caso não vai dar em nada Porque a arma do crime nunca foi encontrada O bisturi eu escondi muito bem: Esqueci na barriga de alguém Me cansei de lero lero Dá licença mas eu vou sair do sério Quero mais saúde Me cansei de escutar... Socorro! Enfermeira! Urgente! Tem uma grávida parindo aqui na frente! ...Ninguém me deu ouvidos E eu dei um nó no umbigo do recém-nacido Mas o berçario tá cheio então eu fico com o bebê no meu colo aqui no meio da rua E lá dentro o doutor tá botando o paciente no colo: - "Por favor, fique nua!" "Quê isso doutor?! Tem certeza?" - "Confie em mim. É terapia chinesa. Tira a roupa!" "Mas é só dor de dente" - "Então abre a boca! (Ahhh) Beleza!" "Ai, doutor, tá doendo!" - "É isso mesmo, o que arde cura" "Não! Pára! Não! Pára doutor! Não pára, doutor! Ai... Que loucura!!!) - "Pronto, passou, tudo bem. Volta na semana que vem!" Ela vai voltar pra procurar o doutor Essa vai voltar, pode escrever! Mas só daqui a nove meses, com um filho da consulta na barriga querendo nascer Me cansei de lero lero Dá licença mas eu vou sair do sério Quero mais saúde Me cansei de escutar... Que calamidade! Dos bebês que nascem virados pra lua e conseguem um lugar na maternidade A infecção hospitalar mata mais da metade E os que sobrevivem e não são sequestrados devem ser tratados com todo o cuidado Porque se os pais não tem dinheiro pra pagar hospital uma simples diarreia pode ser fatal - "Come tudo, meu filho, pra ficar bem forte" "Ah, mãe! Num aguento mais farinha!" - "Mas o quê que tu quer? Se eu num tenho nem talher?" "Pô, faz um prato diferente, maínha!" - "Eu ia fazer a tal da 'autopsia' mas eu não tenho faca de cozinha!!" Tá muito sinistro! Alô, prefeito, governador, presidente, ministro, traficante, Jesus Cristo, sei lá... Alguma autoridade tem que se manifestar! Assim num dá! Onde é que eu vou parar? Numa clínica pra idosos? Ou debaixo do chão? E se eu ficar doente? Quem vem me buscar? A ambulância ou o rabecão? Eu Tô sem segurança, sem transporte, sem trabalho, sem lazer Eu num tenho educação, mas saúde eu quero ter Já paguei minha promessa, não sei o que fazer! Já paguei os meus impostos, não sei pra quê? Eles sempre dão a mesma desculpa esfarrapada: "A saúde pública está sem verba" E eu num tenho condições de correr pra privada
O Meu País Zé Ramalho Tô vendo tudo, tô vendo tudo Mas fico calado, faz de conta que sou mudo Um país que crianças elimina Que não ouve o clamor dos esquecidos Onde nunca os humildes são ouvidos E uma elite sem Deus é quem domina Que permite um estupro em cada esquina E a certeza da dúvida infeliz Onde quem tem razão baixa a cerviz E massacram-se o negro e a mulher Pode ser o país de quem quiser Mas não é, com certeza, o meu país Um país onde as leis são descartáveis Por ausência de códigos corretos Com quarenta milhões de analfabetos E maior multidão de miseráveis Um país onde os homens confiáveis Não têm voz, não têm vez, nem diretriz Mas corruptos têm voz e vez e bis E o respaldo de estímulo incomum Pode ser o país de qualquer um Mas não é com certeza o meu país Um país que perdeu a identidade Sepultou o idioma português Aprendeu a falar pornofonês Aderindo à global vulgaridade Um país que não tem capacidade De saber o que pensa e o que diz Que não pode esconder a cicatriz De um povo de bem que vive mal Pode ser o país do carnaval Mas não é com certeza o meu país Um país que seus índios discrimina E as ciências e as artes não respeita Um país que ainda morre de maleita Por atraso geral da medicina Um país onde escola não ensina E hospital não dispõe de raio - x Onde a gente dos morros é feliz Se tem água de chuva e luz do sol Pode ser o país do futebol Mas não é com certeza o meu país Tô vendo tudo, tô vendo tudo Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo Um país que é doente e não se cura Quer ficar sempre no terceiro mundo Que do poço fatal chegou ao fundo Sem saber emergir da noite escura Um país que engoliu a compostura Atendendo a políticos sutis Que dividem o Brasil em mil Brasis Pra melhor assaltar de ponta a ponta Pode ser o país do faz-de-conta Mas não é com certeza o meu país Tô vendo tudo, tô vendo tudo Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo
Os presos fogem do presídio Imagens na televisão Mais uma briga de torcidas Acaba tudo em confusão A multidão enfurecida Queimou os carros da polícia Os presos fogem do controle Mas que loucura esta nação! Não é tentar o suicídio Querer andar na contramão?
Quem quer manter a ordem? Quem quer criar desordem?
Não sei se existe mais justiça Nem quando é pelas próprias mãos População enlouquecida Começa então o linchamento Não sei se tudo vai arder Como algum líquido inflamável O que mais pode acontecer Num país pobre e miserável? E ainda pode se encontrar Quem acredite no futuro
Quem quer manter a ordem? Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem? É seu dever de cidadão? Mas o que é criar desordem, Quem é que diz o que é ou não? São sempre os mesmos governantes Os mesmos que lucraram antes Os sindicatos fazem greve Porque ninguém é consultado Pois tudo tem que virar óleo Pra por na máquina do estado
Quem quer manter a ordem? Quem quer criar desordem?
Está na luta, no corre-corre, no dia-a-dia Marmita é fria mas se precisa ir trabalhar Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã Patrão reclama e manda embora quem atrasar Trabalhador Trabalhador brasileiro Dentista, frentista, polícia, bombeiro Trabalhador brasileiro Tem gari por aí que é formado engenheiro Trabalhador brasileiro Trabalhador E sem dinheiro vai dar um jeito Vai pro serviço É compromisso, vai ter problema se ele faltar Salário é pouco, não dá pra nada Desempregado também não dá E desse jeito a vida segue sem melhorar Trabalhador Trabalhador brasileiro Garçom, garçonete, jurista, pedreiro Trabalhador brasileiro Trabalha igual burro e não ganha dinheiro Trabalhador brasileiro Trabalhador
São sete horas da manhã Vejo Cristo da janela O sol já apagou sua luz E o povo lá embaixo espera Nas filas dos pontos de ônibus Procurando aonde ir São todos seus cicerones Correm pra não desistir Dos seus salários de fome É a esperança que eles tem Neste filme como extras Todos querem se dar bem
Num trem pras estrelas Depois dos navios negreiros Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio Que olha tão longe, além Com os braços sempre abertos Mas sem proteger ninguém Eu vou forrar as paredes Do meu quarto de miséria Com manchetes de jornal Pra ver que não é nada sério Eu vou dar o meu desprezo Pra você que me ensinou Que a tristeza é uma maneira Da gente se salvar depois
Num trem pras estrelas Depois dos navios negreiros Outras correntezas
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Identidade Ederaldo Gentil 05342635 é o meu número o meu nome
Minha identidade
Minimo salário é o meu ordenado
12 horas de trabalho
Que felicidade, que felicidade
Acordo sem dormir
Faço pelo sinal
Ouço o radinho de pilha
Pra saber do horário
Preparo quase nada
E levo na marmita
Vou dependurado e os sinais fechando
Chego atrasado, é cortado o dia
São tanto os descontos
Que nem mesmo sei
Me falam de vantagens que eu jamais ganhei
É o INPS, FGTS
IRSS, o seguro e o PIS
Com trinta de trabalho
Estou aposentado
E com mais de 70
Eu penso ser feliz
O dia subiu sobre a cidade
Que acorda e se põe em movimento
Um despertador bem barulhento
Badala, bem dentro, em meu ouvido
Levanto, engulo o meu café
Corro e tomo a condução
Que, como sempre, vem cheia,
Anda, para e me chateia
Está quente pra chuchu,
Meu calo dói,
A certeza já me rói,
Levo bronca do patrão
Mas, sonhei
E fiz a fé no avestruz
Que vai me dar uma luz
Levo uma nota pra mão
A tarde transcorre calma e quente
Nas ruas, ao sol, fervilha gente
Batalham, como eu, o leite e o pão
Que o gato bebeu e o rato roeu
Aumenta tudo, aumenta o trem
Aumenta o aluguel e a carne também
É... mas, sei, vai melhorar
Pior que tá não dá pra ficar
Ah, meu Deus,
Se o avestruz der na cabeça
Vou ganhar dinheiro à beça,
Faço minha redenção
E vou lá dentro,
No escritório do patrão
Peço aumento, ele não dá,
Mostro a grana e a demissão
A noite desceu sobre a cidade
Nas filas, calor suor cansaço
Meu corpo está que é só bagaço
E se está de pé é de teimoso
Eu, desejando minha cama
Furam a fila e alguém reclama:
Louvaram a mãe do rapaz
Que diz que faz e desfaz
E só falta uma briguinha
E eu ir para o xadrez
Pobre não tem mesmo vez
Não dá sorte ou dá azar
E o danado do avestruz
Também não deu
Minha mulher vai reclamar
O dinheiro que era seu
E o danado do avestruz
Também não deu
Minha mulher vai reclamar
O dinheiro que era seu
Que o gato comeu
O rato roeu
Alguém se lambeu...
****************************************************** Mal Estar Card Curumin
Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Tamo aí na resistência Mantendo a procedência Confundindo o sistema Modulando as freqüências Não se põe em cheque a necessidade De luta por igualdade Aqui não aceitamos Credicard Acreditam no bit-bat Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Corrupção no Brasil: acima de 1 bilhão de reais ao ano Guerra no Iraque: 300 bilhões de dólares até hoje Lucros bancário: Mais de 6 bilhões só no primeiro trimestre Nunca vi alguém ficar rico sem pisar na cabeça dos outros Enquanto isso, milhões e milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza Nem tudo o dinheiro pode comprar Para todas as outras eu apresento o meu Mal Estar Card Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Tamo aí na resistência Mantendo a procedência Confundindo o sistema Modulando as freqüências Não se põe em cheque a necessidade De luta por igualdade Aqui não aceitamos Credicard Acreditamos no bit-bat Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Cadê a minha fatia do filé? O osso é duro de roer Divide o din din, divide o din din Divide o din din, divide o din din Divide o din din, divide o din din Divide o din din, divide o din din Divide o din din, divide o din din Divide o din din, divide o din din **************************************************** O Gás Acabou Luiz Americo O gás acabou, tem pouca comida, Acabou meu dinheiro Pagamento está longe, Ainda não pintou o décimo terceiro As pratinhas do Zé Que ele juntou pra comprar a chuteira Se o vale gorar Já dá pra inteirar a despesa da feira E aqui estou eu Pedindo carona pra ir trabalhar Pensando na nega mãe dos meus moleques Que nunca se queixa E está sempre a cantar Seja lá o que Deus quiser Pobre é esse sofrimento Recebe só vale no seu pagamento O dia de ontem, somado ao de hoje é a mesma rotina E pra disfarçar minha distração é o boteco da esquina Conversa fiada, que não leva a nada só pra distrair E a gente se cansa, depois vai pra casa jantar e dormir E aqui estou...
****************************************************** Pode Guardar As Panelas Paulinho da Viola exibições 10.137 Você sabe que a maré Não está moleza não E quem não fica dormindo de touca Já sabe da situação Eu sei que dói no coração Falar do jeito que falei Dizer que o pior aconteceu Pode guardar as panelas Que hoje o dinheiro não deu Dei pinote adoidado Pedindo emprestado e ninguém emprestou Fui no seu Malaquias Querendo fiado mas ele negou Meu ordenado apertado, coitado, engraçado Desapareceu Fui apelar pro cavalo, joguei na cabeça Mas ele não deu Você sabe que a maré Não está moleza não E quem não fica dormindo de touca Já sabe da situação Eu sei que dói no coração Falar do jeito que falei Dizer que o pior aconteceu Pode guardar as panelas Que hoje o dinheiro não deu Para encher a nossa panela, comadre Eu não sei como vai ser Já corri pra todo lado Fiz aquilo que deu pra fazer Esperar por um milagre Pra ver se resolve essa situação Minha fé já balançou Eu não quero sofrer outra decepção ****************************************************** Dança do Desempregado Gabriel O Pensador
Essa é a dança do desempregado Quem ainda não dançou tá na hora de aprender A nova dança do desempregado Amanhã o dançarino pode ser você E vai levando um pé na bunda vai Vai por olho da rua e não volta nunca mais E vai saindo vai saindo sai Com uma mão na frente e a outra atrás E bota a mão no bolsinho (Não tem nada) E bota a mão na carteira (Não tem nada) E bota a mão no outro bolso (Não tem nada) E vai abrindo a geladeira (Não tem nada) Vai porcurar mais um emprego (Não tem nada) E olha nos classificados (Não tem nada) E vai batendo o desespero (Não tem nada) E vai ficar desempregado Essa é a dança do desempregado Quem ainda não dançou tá na hora de aprender A nova dança do desempregado Amanhã o dançarino pode ser você E vai descendo vai descendo vai E vai descendo até o Paragüai E vai voltando vai voltando vai "Muamba de primeira olhaí quem vai?" E vai vendendo vai vendendo vai Sobrevivendo feito camelô E vai correndo vai correndo vai O rapa tá chegando olhaí sujô!... E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!) E vai tirando a calcinha (Vai, vai!) E vai virando a bundinha (Vai, vai!) E vai ganhando uma graninha E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!) E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!) É o leitinho das crianças (Vai, vai!) E vai entrando nessa dança Essa é a dança do desempregado Quem ainda não dançou tá na hora de aprender A nova dança do desempregado Amanhã o dançarino pode ser você E bota a mão no bolsinho (Não tem nada) E bota a mão na carteira (Não tem nada) E não tem nada pra comer (Não tem nada) E não tem nada a perder E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho E vai roubar só uma vez pra comprar feijão E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão E bota a mão na cabeça!! (É a polícia) E joga a arma no chão E bota as mãos nas algemas E vai parar no camburão E vai contando a sua história lá pro delegado "E cala a boca vagabundo malandro safado" E vai entrando e olhando o sol nascer quadrado E vai dançando nessa dança do desempregado Essa é a dança do desempregado Quem ainda não dançou tá na hora de aprender A nova dança do desempregado Amanhã o dançarino pode ser você
Tá caro tudo no meu lado já não sei o que é feijão
mas acontece meu amigo que eu também tô a nenem
A concorrência oficial não tá deixando p'rá ninguém
****************************************************** Foi o Dr. Delegado Que Disse Bezerra da Silva
Foi seu doutor delegado que disse Ele disse assim, está piorando Até filho de bacana, hoje em dia está roubando E na semana passada quase perdi a patente Só porque grampeei um rapaz boa pinta Em Copacabana botando pra frente Deu um flagrante perfeito mais o meu direito foi ao léu O esperto além de ter a costa quente Ainda era filho de um coronel E o comissário do dia disse assim já é demais Vou sair na capitura desse tal de satanás O meu livro de ocorrência A cada dia está aumentando Eu também prendi um pastor com a Bíblia na mão Em um supermercado roubando
Eu tive um sonhoQue eu estava certo diaNum congresso mundialDiscutindo economiaArgumentavaEm favor de mais trabalhoMais emprego, mais esforçoMais controle, mais-valiaFalei de pólosIndustriais, de energiaDemonstrei de mil maneirasComo que um país cresciaE me batiPela pujança econômicaBaseada na tônicaDa tecnologiaApresenteiEstatísticas e gráficosDemonstrando os maléficosEfeitos da teoriaPrincipalmenteA do lazer, do descansoDa ampliação do espaçoCultural da poesiaDisse por fimPara todos os presentesQue um país só vai pra frenteSe trabalhar todo diaEstava certoDe que tudo o que eu diziaRepresentava a verdadePra todo mundo que ouviaFoi quando um velhoLevantou-se da cadeiraE saiu assoviandoUma triste melodiaQue pareciaUm prelúdio bachianoUm frevo pernambucanoUm choro do PixinguinhaE no salãoTodas as bocas sorriramTodos os olhos me olharamTodos os homens saíramUm por umUm por umUm por umUm por umFiquei aliNaquele salão vazioDe repente senti frioReparei: estava nuMe desperteiAssustado e ainda tontoMe levantei e fui de prontoPra calçada ver o céu azulOs estudantesE operários que passavamDavam risada e gritavam:"Viva o índio do Xingu!"Viva o índio do Xingu!Viva o índio do Xingu!Viva o índio do Xingu!Viva o índio do Xingu!"
A solução pro nosso povo
Eu vou dá
Negócio bom assim
Ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui
É só vim pegar
A solução é alugar o Brasil!...
Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora
Dá lugar pros gringo entrar
Esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!...
Os estrangeiros
Eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico
Tem vista pro mar
A Amazônia
É o jardim do quintal
E o dólar dele
Paga o nosso mingau...
Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora
Dá lugar pros gringo entrar
Pois esse imóvel está prá alugar
Alugar! Ei!
-Grande Solução!...
Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora
Dá lugar pros outro entrar
Pois esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah!
Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora
Dá lugar pros gringos entrar
Pois esse imóvel
Está prá alugar...
Está Prá Alugar Meu Deus!
Nós não vamo paga nada!
Nós não vamo paga nada!
É tudo free!
Vamo embora!
Sem Terra Zé Ramalho A bandeira vermelha se moveu É um povo tomando posição Deixe o medo de tudo pra depois Puxe a faca, desarme sua mão Fique muito tranqüilo pra lutar Desamarre a linha da invasão A reforma está vindo devagar Desembocar no rio da razão Disparada de vacas e de bois É o povo tomando posição É o povo tomando direção
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódias E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua Minha pátria é minha língua Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas E o falso inglês relax dos surfistas Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas! Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate E (xeque-mate) explique-nos Luanda Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo Sejamos o lobo do lobo do homem Lobo do lobo do lobo do homem Adoro nomes Nomes em ã De coisas como rã e ímã Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã Nomes de nomes Como Scarlet, Moon, de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua?
Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção Está provado que só é possível filosofar em alemão Blitz quer dizer corisco Hollywood quer dizer Azevedo E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria Poesia concreta, prosa caótica Ótica futura Samba-rap, chic-left com banana
(Será que ele está no Pão de Açúcar? Tá craude brô Você e tu Lhe amo Qué queu te faço, nego? Bote ligeiro! Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado! Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho! I like to spend some time in Mozambique Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia E deixa que digam, que pensem, que falem
O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde Piau, ururau, aqui, ataúde Piá, carioca, porecramecrã Jobim akarore Jobim-açu Oh, oh, oh
O Brazil não merece o Brasil O Brazil ta matando o Brasil Jereba, saci, caandrades Cunhãs, ariranha, aranha Sertões, Guimarães, bachianas, águas E Marionaíma, ariraribóia, Na aura das mãos de Jobim-açu Oh, oh, oh
Do Brasil, SoS ao Brasil Do Brasil, SoS ao Brasil Do Brasil, SoS ao Brasil
Tinhorão, urutu, sucuri O Jobim, sabiá, bem-te-vi Cabuçu, Cordovil, Cachambi, olerê Madureira, Olaria e Bangu, Olará Cascadura, Água Santa, Acari, Olerê Ipanema e Nova Iguaçu, Olará Do Brasil, SoS ao Brasil Do Brasil, SoS ao Brasil
****************************************************** Brasil Cazuza
Não me convidaram Pra esta festa pobre Que os homens armaram Pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada Antes de eu nascer
Não me ofereceram Nem um cigarro Fiquei na porta Estacionando os carros Não me elegeram Chefe de nada O meu cartão de crédito É uma navalha
Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim
Não me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram Pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada Antes de eu nascer
Não me sortearam A garota do Fantástico Não me subornaram Será que é o meu fim? Ver TV a cores Na taba de um índio Programada Prá só dizer "sim, sim"
Brasil! Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim
Grande pátria Desimportante Em nenhum instante Eu vou te trair Não, não vou te trair
Brasil! Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim
Brasil! Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil! Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim
Oh, musa do meu fado, Oh, minha mãe gentil, Te deixo consternado No primeiro abril,
Mas não sê tão ingrata! Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou. Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga, Alecrins no canavial, Licores na moringa: Um vinho tropical. E a linda mulata Com rendas do alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo... Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto, De tal maneira que, depois de feito, Desencontrado, eu mesmo me contesto.
Se trago as mãos distantes do meu peito É que há distância entre intenção e gesto E se o meu coração nas mãos estreito, Me assombra a súbita impressão de incesto.
Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadora à proa, Mas meu peito se desabotoa.
E se a sentença se anuncia bruta Mais que depressa a mão cega executa, Pois que senão o coração perdoa".
Guitarras e sanfonas, Jasmins, coqueiros, fontes, Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre trás-os-montes E numa pororoca Deságua no Tejo... Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: Ainda vai tornar-se um império colonial! Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: Ainda vai tornar-se um império colonial!
****************************************************** Dr. Getúlio Simone Foi o chefe mais amado da nação Desde o sucesso da revolução Liderando os liberais Foi o pai dos mais humildes brasileiros Lutando contra grupos financeiros E altos interesses internacionais Deu início a um tempo de transformações Guiado pelo anseio de justiça E de liberdade social E depois de compelido a se afastar Voltou pelos braços do povo Em campanha triunfal Abram alas que Gegê vai passar Olha a evolução da história Abram alas pra Gegê desfilar Na memória popular Foi o chefe mais amado da nação A nós ele entregoui seu coração Que não largaremos mais Não, pois nossos corações hão de ser nossos A terra, o nosso sangue, os nossos poços O petróleo é nosso, os nossos carnavais Sim, puniu os traidores com o perdão E encheu de brios todo o nosso povo Povo que a ninguém será servil E partindo nos deixou uma lição A Pátria, afinal, ficar livre Ou morrer pelo Brasil Abram alas que Gegê vai passar Olha a evolução da história Abram alas pra Gegê desfilar Na memória popular ****************************************************
A bandeira do meu partido é vermelha de um sonho antigo cor da hora que se levanta levanta agora, levanta aurora! Leva a esperança, minha bandeira tú és criança a vida inteira toda vermelha, sem uma listra minha bandeira que é socialista! Estandarte puro, da nova era que todo mundo espera, espera coração lindo, no céu flutuando te amo sorrindo, te amo cantando! Mas a bandeira do meu Partido vem entrelaçada com outra bandeira a mais bela, a primeira verde-amarela, a bandeira brasileira.
Não, eu não aceito essa indisciplina Acho que você não me entendeu Meus meninos são o que você teceu Em resistência ao mundo que Deus deu E eu não aceito, não
Não, eu não aceito essa indisciplina Acho que você não me entendeu Meus meninos são o que você teceu Em resistência ao mundo que Deus deu
Então pare de correr na esteira e vá correr na rua Veja a beleza da vida no ventre da mulher Pois quem não vive em verdade, meu bem, flutua Nas ilusões da mente de um louco qualquer E eu não aceito, não
Não, eu não aceito essa indisciplina Acho que você não me entendeu Meus meninos são o que você teceu Em resistência ao mundo que Deus deu
Eu não quero viver assim, mastigar desilusão Este abismo social requer atenção Foco, força e fé, já falou meu irmão Meninos mimados não podem reger a nação
Eu não quero viver assim, mastigar desilusão Este abismo social requer atenção Foco, força e fé, já falou meu irmão Meninos mimados não podem reger a nação Meninos mimados não podem reger a nação
****************************************************** Zé do Caroço Seu Jorge
No serviço de auto-falante Do morro do Pau da Bandeira Quem avisa é o Zé do Caroço Que amanhã vai fazer alvoroço Alertando a favela inteira Aí como eu queria que fosse em mangueira Que existisse outro Zé do Caroço Pra falar de uma vez pra esse moço Carnaval não é esse colosso Nossa escola é raiz, é madeira Mas é o Morro do Pau da Bandeira De uma Vila Isabel verdadeira E o Zé do Caroço trabalha E o Zé do Caroço batalha E que malha o preço da feira E na hora que a televisão brasileira Destrói toda gente com a sua novela É que o Zé bota a boca no mundo Ele faz um discurso profundo Ele quer ver o bem da favela Está nascendo um novo líder No morro do Pau da Bandeira Está nascendo um novo líder No morro do Pau da Bandeira No morro do Pau da Bandeira No morro do Pau da Bandeira Lelelelê Lelelelelelelelelê Lelelelê Lelelelelelelelelê
**************************************************** É Gonzaguinha É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor... A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela... É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação... É! É! É! É! É! É! É!... É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor... A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela... É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação...